domingo, 24 de agosto de 2008

Fotografei o seu sorriso

Há tempos não nos encontrávamos tão perto. Entrei e ele vinha pelo estreito corredor. Não poderíamos passar juntos sem ter um contato físico. Como havia um espaço onde podia encostar e dar passagem, assim eu fiz. Ele, por educação ou outro motivo qualquer, sorriu amenamente e me ofereceu caminho. Aquele sorriso doce jogou todas as minhas defesas no chão. Naquele instante meus braços queriam senti-lo como a muito não faziam e como sempre desejavam e as palavras queriam sair e contar o que pra mim nunca passou. Todas essas vontades se misturaram, trazendo uma intensa euforia e o açúcar daquele sorriso perturbou meus pensamentos por algum tempo.

O que dizia aquele sorriso? Respeito por uma relação que terminou e, pelo menos para mim, nunca ficou claro o motivo? Será que naquela doçura havia algum vestígio de sentimento que nele ainda vive? Ou apenas um ato célebre de cavalheiro?

A vontade de ter respostas mais uma vez atormentou meu remendado coração. Não era a primeira vez que eu recebia esse sorriso depois que nosso tempo passou. Minha alma acelerava, movida pelo jato de alegria que a fez recordar bons momentos. Minutos depois, ela se acalmou. Mais uma vez me revesti de fraqueza e recolhi todas as armas que aquele ingênuo sorriso havia jogado no chão.

Janaina Takai


Um comentário:

Albano disse...

esse tal sorriso poderoso é mais uma prova que alguns atos tem mais poder que palavras ou simplesmente expressam-as de uma forma que entramos em conflito com nós mesmos em busca de compreensão.