quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O analfabeto político


Finda em boa parte do país as eleições municipais. O que isso significa? Significa que para a grande maioria dos brasileiros, política não entrará em pauta até o próximo escândalo, denúncia de corrupção etc. Enfim, acontecimentos com os quais já nos familiarizamos e cordialmente esquecemos, para êxtase daqueles que deveriam ser os nossos “representantes” e o são, pelo menos teoricamente.

O professor Antônio Candido declarou certa que vez que viveu em um tempo de grandes homens, para o bem e para o mal, ponderou, mas grandes. Talvez seja exatamente isso que nos falte: grandes políticos. Pessoas preocupadas realmente com o bem estar do grupo, da população, com o cidadão. Entretanto, me parece simplista e senso comum culpar somente aqueles que se dedicam ao serviço público, não que sejam criaturas inocentes manipuladas e induzidas a agir desta ou daquela forma pelo sistema, mas também não são, para usar uma figura mitológica popular, demônios. É claro, me refiro aqui genericamente, há aqueles que são figuras demoníacas de primeira grandeza, uns verdadeiros parasitas sociais. Tão pouco também, é justificável afirmar que o povo é ignorante e não sabe votar, ou facilmente conduzido pelos hábeis ‘marqueteiros’. Embora, não seja raro encontrar os obtusos, impressionados por malabarismos de uma eloqüência discursiva – muitos repletos de: “nós vamos estar realizando, fazendo, melhorando...” e outros gerundismos mais.

Sendo assim a quem podemos tomar por bode expiatório ao assistirmos no Jornal Nacional o resultado de mais uma CPI; de mais uma, quando raro, cassação? Da história, eu optaria. É do nosso processo histórico a culpa pelos eleitores inconscientes e inconseqüentes, dos políticos corruptos e corruptores. É das ditaduras que ceifaram a liberdade de questionar, que amordaçaram as vozes dissonantes e que premiaram com cargos públicos os seus simpatizantes e colaboradores mais arraigados. É da democracia que não ousou transcender o estágio primário e mesquinho de política no qual nos encontramos. Cabe, portanto, a nós mudar este paradigma, questionar melhorias e transparência na lida com as rendas públicas, não aceitar políticos desonestos... Em suma, tudo aquilo que vimos nas campanhas publicitárias do Supremo Tribunal Eleitoral.

Para finalizar umas palavras de Brechet: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo. Nada é impossível de Mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.”


Jean Carllo

Um comentário:

Henrique Hemidio disse...

Engraçado como aqui em Passos a crise internacional está afetando(principalmente nas muambas do paraguay e os banco que estão ficando mão-de-vaca) mas a troca de prefeitos e vereadores não altera nada...