quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ao entardecer

No final da tarde saia do trabalho quando recebi um telefonema. Era uma amiga pedindo que eu a esperasse na pracinha em frente ao fórum. Costumo sempre ter um livro em mãos. Decidi me sentar e começar a ler enquanto esperava. Geralmente fico concentrada na leitura, mas naquele dia me perdi entre às pessoas que passavam ao meu redor.

Fim de tarde é sinônimo de movimento. Muitos indivíduos transitavam por ali e cada um que passava levava minha atenção. E como vi gente diferente! Alguns pareciam tão mal – humorados! Será que tiveram um dia ruim ou o mau-humor é companheiro constante? Outros eram tão cheios de si que não foram capazes de notar a bela flor azul no jardim da praça. Teve gente fora do normal, cantarolavam e falavam calçada adentro como se a praça fosse um mundo só deles. Também tive a oportunidade de me divertir com algumas criaturas que pareciam estar em transe profundo. Vinham tão concentradas que tive a impressão de que seguiam algum rastro de luz e não ousavam fechar os olhos, assim não corriam o risco de perder o caminho.

De todos ou casos observados naquela tarde os mais interessantes foram os das pessoas que notaram minha presença no elegante banco. Olhavam me com espanto. Mantinham sobre mim um olhar de curiosidade. Se perguntavam o que fazia a menina de 20 anos sentada no banco com um livro nas mãos?
Recebi muitos desses olhares. Admito que nessa hora também me diverti, pois as caras com que me olhavam não eram das melhores.

Não sei quanto tempo passou até minha amiga chegar. Sei que para muitas pessoas que ali estiveram eu era como parte daquela praça, estava na paisagem há anos. Para outras, uma louca sentada no banco segurando um livro aberto. E para todos que fizeram tal percurso, a singela, fascinante e bela flor azul plantada no meio da praça, nem existia.


Janaina Takai


terça-feira, 5 de agosto de 2008

Arte e Jornalismo

Segundo Camus “a arte e a revolta só morrerão com a morte do último homem”. Adotando esta máxima do escritor e filósofo argelino como referência, podemos chegar a importantes conclusões acerca da importância da arte para o jornalismo.

A arte é inerente ao ser humano, a fazemos desde os nossos primitivos ancestrais – muitas vezes sem ter consciência disso –, nas mais diferentes culturas, espaços físicos e temporais. O fazer artístico, o objeto artístico – mas não só o objeto concreto em si, mas a música, por exemplo – acaba se tornando, um importante subsídio para os historiadores. (Não entrarei aqui no mérito de discutir o que é arte, quais os conceitos a definem, ou quem define estes conceitos; se não, me prolongaria em um tema polêmico do qual não tenho conhecimento suficiente para discorrer). Através destas manifestações de expressão humana, pode-se traçar um perfil religioso, social, cultural, econômico, da sociedade e do período histórico pesquisado. A arte de um determinado artista pode nos revelar muito dos seus contemporâneos. Assim, por exemplo, podemos ter uma visão mais ampla no período renascentista, das revoluções no pensamento filosófico, político, da crescente valorização da ciência, através das obras dos artistas deste período.

Portanto, é possível encontrar inúmeras informações através das obras de arte. Mas e o jornalismo onde entra nesta história? Oras, sendo o jornalista alguém que invariavelmente atua como um cronista do seu tempo, e "leva" até o público o que acontece na sociedade, no seu período histórico, não deixa de trabalhar como um historiador, sociólogo ou antropólogo. Embora obviamente que não com tantas propriedades quanto os reais profissionais destas áreas da ciência social. Se nossa função é informar as pessoas, devemos ter conhecimento humanístico para isso, afinal comunicação social também é uma das vertentes da ciência social. Temos que conhecer, mesmo que de forma menos profunda, ou “especializada” como preferem alguns, as correntes e os diversos movimentos artísticos que pontuaram a história da humanidade, só assim poderemos trabalhar um “olhar” mais analítico e ter uma compreensão mais abrangente dos nossos contemporâneos.

Porém há um fator importante que precisa ser avaliado, e que foi amplamente discutido por diversos pensadores principalmente no último século, vale destacar em especial os membros da Teoria Crítica, que é a banalização da obra de arte, promovida em grande parte pelos veículos mídiaticos. Vivemos em um período onde a reprodução das grandes obras artísticas é um fato. Elas são facilmente manipuladas, descaracterizadas, vulgarizadas, e principalmente são ‘separadas’ do contexto social-histórico original. Transformamos a obra de arte, a cada dia mais em um simples objeto decorativo, supérfluo, mantenedor do estatus social.

Talvez seja este o grande desafio que o jornalismo, e de uma forma geral, os veículos de comunicação social terão em relação à arte. Como torná-la difundida na sociedade sem desvirtuá-la, ou vulgarizá-la? Como propor às pessoas discussões e análises mais “profundas” quanto ao objeto artístico, sem torná-lo chato, ou hermético? Por último, mas não menos importante, como retirar da arte este conceito elitista, seja econômico ou intelectual, que durante séculos vem sendo ligado a ela? Não tenho respostas para tais questões, mas espero que um dia possamos todos, independente de classe social ou nível de informação, discutirmos e ter consciência da importância da arte para o engrandecimento humano. Utopia? Certamente. Mas é bom sonhar, às vezes.


Jean Carllo

Adoração dos Magos (Leonardo da Vinci)

domingo, 3 de agosto de 2008

O Primeiro Celular de Ouro

E a evolução continua. Assim como aconteceu com nós seres humanos. Assim como aconteceu com a televisão. Assim como aconteceu com o rádio. Assim como aconteceu com os carros. E assim como aconteceu no ponto que vou destacar: a música e o celular.

Começo esse resumo com o disco de vinil, uma rodela preta e meio desproporcional, principalmente para quem tem a as mãos pequenas. Nessa época o telefone (com fio) era coisa que pobre nem sabia que existia.

O sucesso dos bolachões foi estrondoso. E para mastigar as bolachas com seus recheios musicais, tinham lá as últimas novidades em radiolas.

Depois dos luxuosos Lps, chegou numa escala altíssima o K7. Mais cômodo em relação à palma da mão e para quem não tinha muito espaço para colocar as coleções musicais, o tamanho nesse aspecto também ajudava muito. Na era K7, o telefone ( ainda com fio) já era algo que pobre sabia o que era.

Mas as famosas fitas tiveram um fim trágico e banal.

Nascia então o Cd. Uma versão miniatura e sofisticada do Lp. Ao contrário do disco de vinil e do k7, o Compact Disc não se dava à amolação de ter que ir ao aparelho de som e trocar o bendito de lado. Um sucesso! Uma febre de 200 graus no corpo da evolução da indústria fonográfica. E nos tempos do disquinho alguns pobres começavam a usufruir de telefones ( com fio) em suas residências.

E o Cd, resiste aos tiros da tecnologia, do seu alto preço e principalmente do bombardeio da internet.

Teve também o Md. Esse foi para o balão de oxigênio e não resistiu.

Para se ter agora a música do artista favorito, se tem vários meios. Tudo através da internet. Download é a palavra que coordena a “música net mania”. Agora o telefone( e sem fio) chegou para todos. Sem exceção. Muitos pobres( me incluo) e miseráveis já não dependem muito dos orelhões.

E ainda bem que ele chegou para todas as classes. Além da facilidade na comunicação que deve ser unânime. Ouviremos o trabalho de nossos artistas de preferência através do celular.

Ainda sou defensor e apaixonado pelo Cd. A sensação de ir até uma loja de discos e ficar ali por horas revirando as prateleiras atrás de um som novo. É viajante! Ou até mesmo que o pulo em uma dessas lojas seja exclusivamente dedicado à compra daquele álbum novo da sua banda favorita. É uma sensação única.

Ainda questiono sobre o futuro da indústria fonográfica. Qual será de fato seu rumo daqui algum tempo. Mas isso é conversa para uma outra oportunidade.

Só coloco aqui, que talvez o agora “celular” seja uma nova promessa nesse meio da música. A fórmula já foi testada e muito bem sucedida. Depois do Lp, K7 e Cd. Chega até nós o celular. Mas não só para dizermos “alô, quem ta falando?” e sim para ouvirmos alguma obra musical de nosso gosto. Acho que podemos ir acostumando a ver na telinha os apresentadores anunciarem e entregarem aos músicos celulares de ouro, platina, diamante e por aí vai.

Na foto o tecladista do SKANK Henrique Portugal segurando o quadro que representa o primeiro CELULAR DE OURO do Brasil. Pela venda de mais de 70.000 celulares que carregavam o álbum Carrossel lançado em 2006.

Vanildo (Marley)



foto do blog da banda. Para conferir mais detalhes acesse: www.skank.com.br

sábado, 2 de agosto de 2008

Let' Get It On...

Vamos falar sobre sexo. se você não for um animal, vai concordar comigo quando digo: tem que ter um clima pra rolar. Certo? Um lugar aconchegante, vinho, uma cama confortável, de preferência. E boa música, claro! Imagina só fazer sexo ouvindo Calipso ou funk carioca...brochante.
Então vou mandar minha dica das 10 músicas mais calientes, que com certeza farão com que tudo fique mais...ahhhh! Aí vai a lista:




10 - Iron And Wine - The Trapeze Swinger
Tirada da trilha sonora do filme In Good Company. Uma das canções mais simples e bonitas que já ouvi. Aconchegante, melancólica. Pra ouvir com a pessoa que você mais ama. e fica a dica: corram atrás de todas as músicas do Iron & Wine. Obrigatório pr aque tem um mínimo de bom gosto.


09 - Fanfare Ciocarlia - Lag Bari (Shantel Remix)
Outra tirada de trilha sonora. Essa do filme Gegen die Wand(Contra A Parede). Quem já viu sabe que esse filme é demais! Apesar dessa música ser do oriente médio, sabe o que ela me lembra? O México: Suor, calor, energia, sensualidade! Em bom portunhol: és caliente, caramba!


08 - Venus In Furs - The Velvet Undergroud
Um clima de mistério, uma letra sado-masoquista. A voz do Lou Reed. Ah! Envolvente...e como! Se você não esteve em Marte nos últimos 30 anos sabe do que estou falando. Senão, despiste e conheça logo o The Velvet Underground.


07 - Tender Surrender - Stevie vai
Instrumental. Começa lenta, vai esquentando, esquentando e tem seu ápice. Depois, tudo fica calmo outra vez. Como tem que ser.

06 - Portishead - Glory Box
O clima completamente sufocante, intenso, é um crescendo até o orgasmo musical. E Beth Gibbons pedindo no refrão: ''Give Me A Reason To Love You, Give Me A Reason To Be A Woman...'' - Preciso dizer mais?


05 - 'Cause We've ended as lovers - Jeff Beck
A guitarra dessa música geme, soa como dois corpos se enroscando, o som vai e vem, se é que me entendem...


04 - Wicked Game - Chris Isaak
O violão relaxado, a voz triste, os backin' vocals, fazem dessa uma das melhores já feitas para o momento...

03 - Jet'ame Moi Non Plus - Serge Gainsbourg & Jane Birkin
Ok, sei que essa música toca em todo motel do mundo, que é brega e tal. Mas até o Papa ficaria excitado com A Jane Birkin sussurando ''Jet'ame , jet'ame, oui...jet'ame'' no ouvido. Impossível não ficar excitado com uma música dessas. Se não funcionar com você, procure um médico urgente!


Imagine essa francesinha gemendo e sussurrando no seu ouvido: ''eu te amo...''. Imaginou? Quer ouvir? Então é só clicar na música e baixar.


02 - Protége Mói - Placebo
As músicas do Placebo são ultra-sensuais, íntimas. E essa é a maior! ''Proteja - me do que eu quero'', Brian Molko diz. E mais; sussura no seu ouvido no refrão: ''protége mói, prótege mói... de arrepiar, literalmente.


01 - Let's get it on - Marvin Gaye
Em todas as listas que forem feitas no mundo, essa sempre estará em primeiro. É unanime! Marvin Gaye, dono de uma das vozes mais sensuais da Motown, canta explixitamente sobre o ato, com uma letra que chega a ser quase pornográfica, pelo menos pra época em que foi lançada. Vou parafrasear nosso colega Regis Tadeu na Mosh: Sua voz sedutora e úmida (no sentido sexual mesmo) ainda embala qualquer pessoa que tenha uma mínima quantidade de hormônio no corpo...pois é.

Tentei variar nos estilos, na intenção de agradar a todos. mas listas são listas...você com certeza não concordou comigo em alguma, ou tem uma música melhor. Então, faça-nos saber disso, deixe sua opinião nos comentários.

Lucil Jr.(no momento: bêbado de vinho, na madrugada, ouvindo Depeche Mode...)

Abobrinhas...

Há determinadas situações em que só conseguimos nos expressar através das palavras de outrem. Recorremos, aliás, frequentemente aos tão famigerados jargões televisivos, aforismos filosóficos, ou até mesmo ‘pérolas’ de amigos e conhecidos quando temos a necessidade de transferir para “outra voz que não a nossa” a responsabilidade pelo o que é dito/escrito. Essas referencias que fazemos – algumas vezes sem termos muita consciência do real valor de sentido que carregam, porque de tão banais e/ou banalizadas se tornam desgastadas e ‘ocas’ semanticamente –, ilustram ou endossam o que pensamos. Mas é lógico, para que tenha essa espécie de voz que reafirme a minha, por exemplo, tem que existir entre o citante e a citação certa identificação, analogia presente mesmo momentaneamente. Pois bem, hoje me aproprio dos versos do poeta-músico Itamar Assumpção para manifestar o que penso. Faço das palavras dele as minhas, do seu discurso poético o meu. Apreendo para mim os desejos escritos e inscritos no poema. Ao resto silencio. Itamar falará por mim:


Abobrinhas não

Cansei de ouvir abobrinhas
vou consultar escarolas
prefiro escutar salsinhas
pedir consolo às papoulas
e às carambolas
pedir um help ao repolho
indagar umas espigas
aprender com pés de alho
sobre bugalhos
ouvir dicas das urtigas
e dessas tulipas
um toque pro miosótis
um palpite pro alpiste
uma luz da flor de lótus
pedir alento ao cipreste
e pra dama da noite
pedir conselho à serralha
sugestão pro almeirão
idéias para azaléias
opinião para o limão, pimentão
abobrinhas não



Jean Carllo



sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Deixa meu descanso em paz!

Dentro da casa:

“- Bom dia! Chegando mais uma TV Globinho. E a gente vai direto com um desenho bem legal pra você. Bob Esponja!”
“- Ei Patrick, eu tenho um grande problema!
- O que foi Bob Esponja?
- Eu estava no Siri Cascudo porque o sr. Sirigueijo ...”

Fora da casa:“VOCÊ PODE PASSAR LÁÁÁÁÁÁÁ, OU PEDIR PRA ENTREGAR O GÁS DO ARMANDINHO 2852 É SÓ VOCÊ TELEFONARRRRRRRRRRRR!”

Com eleições municipais, dentro da casa:
“Plantão Tv Girasul - E o bandido que mantinha o presidente da república como refém...”

Fora da casa:“AGORA É HORA DE MUDAR! VOTE CERTO! VOTE ZÉ LOUQUINHO PREFEITO E PEREIRINHA VICE!”

Dentro da casa: A pessoa desiste de ver TV, estudar, ouvir rádio, descansar e fazer qualquer coisa que mereça um pouco de concentração.
Estou indignada com a poluição sonora que infecta nossa cidade. Não se tem sossego. Quando não é o gás é o carro eleitoral, ou carro da batata, ou o do abacaxi, ou o carro do sorvete, ou o trenzinho da Xuxa e sabe se lá quantos mais se acham no direito de atormentar essa urbe com seus malditos barulhos.

Será que não podem avisar uma rua de cada vez? É, porque com a altura de seus barulhos são três ruas à esquerda e mais três a direita que sabem que esses infelizes estão chegando.

Essa é uma boa forma de divulgação e deve funcionar o mesmo tanto que irrita. Se eles passassem só de vez em quando ... Mas não! Todo o desgostoso dia vem. Um por um. Ainda bem que não passam juntos, porque seria um “Deus não me deixe ficar louca” com tanta algazarra. Pensando bem, mesmo separados eles já me fazem pedir a Deus que não me deixe enlouquecer. Não condeno o trabalho de ninguém. Mas precisa usar de tanto desrespeito com o cidadão?

Aqui nesse humilde blog onde tenho a oportunidade de me manifestar, peço a todos esses senhores que precisam divulgar que nos deixem concentrar. Por misericórdia: Abaixem alguns decibéis dos seus “adoráveis” sons!




Janaina Takai

O ÚNICO DIA


E começou! Mais um mês. E já passou mais um dia de nossas vidas.

E o mês do cachorro louco chegou! Mas os latidos são desse mundo que está sendo tratado como um cão vira lata nas mãos de um vândalo.

Pena que só agosto seja o mês do cachorro louco. Poderia ser todos os meses do ano. Porque assim os outros onze não seriam dos homens loucos e inconseqüentes que surram e espancam as nossas vidas.

E começou! Mais um mês. E nunca mais teremos em nossa vida e também morte de novo o dia 1º. de agosto de 2008. E assim aconteceu e acontecerá com todos os outros dias.

Vanildo (Marley)