quarta-feira, 5 de novembro de 2008

“Sim sou negro de cor”


Cinco de novembro e me sinto indeciso. Teoricamente eu teria, a priori, apenas duas opções temáticas para explorar: a vitória de Obama nos EUA, e qualquer outra coisa... Escolhi a eleição de Obama. Ao escolher escrever sobre isso senti a necessidade de delimitar o meu campo de visão, portanto não escrevo sobre o que representa a vitória de um negro para presidente dos EUA – apesar de saber que representa muitíssimo. E não tenho a intenção de laurear o próprio Barack Obama, embora o considere sim um grande estadista, alguém que resgatou a antiga linhagem perdida após o assassinato dos irmãos John e Robert Kennedy... Escrevo porque me emocionei com o discurso de vitória de Obama, e as 3h30 da manhã (horário de Brasília) chorei, assim como choraram milhares de pessoas naquele parque em Chicago.


Sim sou negro de cor
Meu irmão de minha cor
O que te peço é luta sim, luta mais
Que a luta está no fim


Enfim, escrevo para lembrar que ontem as “profecias” de Martin Luther King começaram a ser cumpridas, mesmo quarenta anos depois de ter sido assassinado por um idiota extremista. Ontem, pode-se dizer foi dado o primeiro passo para o antigo sonho de homens e mulheres avaliados não pela cor de sua pele, mas pela força de seu caráter. Um novo paradigma? Espero que sim. Quem, aliás, diria que o país da Klu Klux Klan, da segregação racial que motivou os protestos dos anos 50 e 60, do conservadorismo e moralismo pudesse eleger um negro presidente?! Poucos, até mesmo entre os mais otimistas, arrisco-me em afirmar. Eis a justificativa para tamanha euforia.


Cada negro que for
Mais um negro virá
Para lutar com sangue ou não
Com uma canção também se luta irmão
Ouvir minha voz
Lutar por nós


É, sobretudo, inevitável neste momento não me lembrar de grandes artistas que militaram para que este momento existisse, homens e mulheres que foram porta-voz da dor e da revolta da discriminação. (Lembro-me especialmente de Strange Fruit e da interpretação triste, sofrida e linda de Billie Holliday e de Missippi Goddamn da fantástica Nina Simone, canção esta que tornou-se hino ativista da causa negra.). É deles esta conquista como é, não posso deixar de citar, de Rosa Parks e de Malcolm X.


Luta negra demais, luta negra demais
É lutar pela paz, é lutar pela paz
Luta negra demais
Para sermos iguais
Para sermos iguais


Bom, este foi o meu post, apenas uma catarse. Nada além de alguém que temporariamente voltou a ter esperança de um mundo melhor, de crer que “sim, nós podemos”... Temporariamente, é óbvio. Os versos inseridos entre os parágrafos foram compostos por Ronaldo Bôscoli e Wilson Simonal, a música em questão se chama Tributo a Martin Luther King a mesma do vídeo abaixo.

Jean Carllo

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom, também gostei da vitoria de Obama,isso faz mesmo lembra o Martin Luther king e seu idealismo para com os negros estadunidenses, I heve a dream,só não vim outro filha da puta e matar este também.