domingo, 16 de novembro de 2008

Da agonia a perfeição



O filme agonia e êxtase encanta os admiradores da arte e também quem gosta de aprender sobre.
A trama mostra o trabalho magnífico que Michelangelo foi, a princípio, obrigado a fazer no teto da Capela Sistina, que recebe esse nome porque foi inaugurada pelo Papa Sisto IV no ano de 1489.


Michelangelo era escultor e tinha a sensibilidade de transformar blocos de mármore em magníficas obras. Quando recebeu a incumbência de pintar o teto da Capela Sistima estava fazendo esculturas que seriam colocadas na sepultura de Julio II. O papa obrigou Michelangelo a deixar as estátuas e partir para o trabalhoso processo de pintar no teto da capela as figuras dos 12 apóstolos e alguns elementos que completassem o desenho. Sob a ordem do Papa Júlio II, sobrinho do Papa Sisto IV, Michelangelo é obrigado a fazer um trabalho que dizia não saber.
Michelangelo começou as pinturas e quando já havia feito alguns desenhos decidiu "jogar o vinho azedo fora". O escultor não ficou satisfeito com os primeiros resultados, então destruiu tudo que havia pintado e fugiu de Roma para Carrara. Para ele, arte era um estado de entrega total, amor e inspiração ao que se queria fazer. E na pintura do teto ele não se encontrava com nenhum desses estados. Tinha na sua frente à obrigação de desenhar afrescos que não queria. Aconchegado nas montanhas de Carrara o artista refletia e olhando para o céu observou as nuvens se juntando e formando belos desenhos. Naquele momento, Michelangelo soube o que queria fazer e estava disposto a se entregar ao novo estado de inspiração que o levava para o trabalho na capela Sistina. Decidiu voltar para Roma e recomeçar a tarefa que havia abandonado.


As cenas seguintes não correm tranqüilas. Apesar do animo renovado, Michelangelo trabalha por quase um ano sem receber nada pelo serviço. E a cobrança para o termino da obra era grande. A pintura corria de forma demorada e quando o Papa Julio perguntava ao artista quando acabariam os afazeres, Michelangelo respondia “quando eu acabar”. O convívio entre mecenas e artista era conflituoso. Ambos se enfrentavam tentando impor vontades. E o período em que Michelangelo “compôs” uma das mais lindas obras de arte era de guerra. Os franceses invadiam a Lombardia, enquanto os alemães estavam perto de Brenner. E é nesse clima de desavença e guerra que o artista se dedica, até perder as forças, pela criação. Por tantos esforços Michelangelo acaba adoecendo e paralisa o trabalho. Nessa etapa, o Papa pretende liberar o escultor de sua incumbência e passa - lá a Rafael. O jovem estava ansioso para continuar a pintura, mas quando viu a perfeição dos traços de Michelangelo soube que não teria condições de continuar com tamanha mestria e em uma das cenas, o jovem Rafael diz ao experiente Michelangelo que eles, sábios artistas, são meretrizes da beleza.


O filme é fantástico e narra a historia da criação, e essa frase pode e deve tornar-se ambígua. O filme retrata a história da criação das imagens que compõem o teto da Capela Sistina e a criação do mundo. Michelangelo passa quatro anos de seus dias pintando passagens do livro do Gênese no teto da Capela. As lágrimas chegam aos olhos no momento em que, antes da obra finalizada, o Papa Júlio II se rende a beleza do trabalho de Michelangelo e fala ao artista que na concepção dele Deus não apresentaria essa face calma, leve e benévola. E mais emoção nos envolve quando ao final do filme o Papa Julio II celebra uma missa. O teto belo e finalizado e o artista, aquele que reescreveu a história do mundo através de figuras, participa da cerimônia com a mais límpida humildade.


O filme "Agonia e êxtase" foi baseado em um livro de Irving Stone. Assisti a trama em uma aula de História da arte e aqui deixo minha impressão sobre o fime.
Janaina Takai

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