Estou tentando entender o que não sei como entender. Mas que da para entender, eu acho.
Tudo começa na quinta-feira (20/11/08), quando tenho que dormir fora de casa para resolver questões da faculdade (isso seria na sexta de manhã). Aproveitei então para ir à festa de aniversário de um professor (não vou citar o nome dele, porque ele não gosta de blogs e vai que resolve tirar os poucos pontos que tenho em antropologia? A minha situação em antropologia. “I, ta mar”). Por acaso, mas não deixou de ser minha primeira festa como universitário(imprevistos sentimentais aconteceram). Pois bem, papo vai, papo vem e as viagens tanto dos alunos quanto a dos professores era algo no mínimo, sei lá. E equilibrando na linha do acaso, na festa conheço o Nicolau (ainda não me deu aula, ano que vêm isso acontecerá, espero!) irmão da Fran que tenho contato virtualmente há pouco mais de 2 anos. Tantas conversas com minha “titia” no mundo virtual, acabo primeiro por conhecer pessoalmente seu irmão. Êta mundinho maluco.
Concluindo: no final da festa do professor que não citarei o nome, perguntaram como que estava minha condição mental depois de sei lá quantas cervejas nas idéias. Respondi: “I, ta mar”.
Na sexta, resolvo o que tinha para resolver e a convite do Jonatam (o mais novo jornalista do palneta) vou com ele almoçar em um restaurante (não tinha comida na república “Orfanato do Cirilo”) e é aí que começa a minha tentativa de entendimento.
Durante a sobre mesa discutíamos a sociedade do interior. Deliramos em projetos fotográficos que esperamos ter apoio para realizá-los. Falamos também da cultura intelectual do pobre e do rico.
E no decorrer da conversa, olho para o lado e vejo um prato solitário na mesa que ficava a nossa esquerda. E também um entregador de refrigerantes que passava toda hora com garrafas para colocar no estoque. Nesse momento meu cérebro processou por volta de mil imagens. E rapidamente pedi para o Joonatam registrar tal imagem. Ótimo! Veja a foto e se delicie com suas conclusões a respeito do nosso cotidiano.Antes de sairmos do restaurante, ganhamos de brinde pelo nosso bom comportamento uma sobre mesa ocular. Era a minha professora louquinha que também rangou no restaurante. Infelizmente não foi na nossa mesa e mais infelizmente ainda, não pagou a nossa conta (tá, eu entendo, professora e jornalista no Brasil não pode esbanjar grana como por exemplo, um político). Sorte a nossa que o sorriso da “Lú” não tem preço. Se tivesse, eu ficaria sem ele por falta de bufunfa para pagá-lo.
E caminhando, conversando e seguindo sem direção, mais uma vez olho para o meu lado esquerdo e vejo no alto de um sobrado uma cena que palpitou meu sistema social. Desesperado falo para o Jonatam: “olha aquela imagem”. E ele: “cadê? O quê? Nossa”!!!
Uma foto que mostra o Brasil sofredor que é. Veja, tire e faça milhões de conclusões.
Não posso deixar de registrar a nossa conversa dentro da Igreja. Entramos e por lá ficamos uns 30 minutos falando do mundo. Não rezamos. Mas a cada assunto que abordávamos, era uma forma de agradecimento ao que temos e somos. Ele vendo Deus de um jeito e eu de outro. Como penso que deveria de ser.
Daí direto para uma livraria. E é onde concluo e que não concluí. Entendo o que não entendi.
Antes tinha passado em uma banca de revistas e comprado um livro de crônicas do Manuel Carlos (A Arte de Reviver). Custou precisamente R$ 9,90. Não é lançamento para o mercado, mas para mim sim. Eu não tinha lido ainda. E comprei “baratinho”. Era o grande propósito nosso. Comprar coisas legais, por um preço doce para o bolso.
Na livraria, o tormento foi imenso. Autores consagrados, clássicos. Mas preços amargos. Bateu um desespero. E essa tortura durou uns 40 minutos. Acabei por levar um que conta a histótia do Corinthians. Mas o curioso que não pelo amor ao time e ao futebol na qual sou possuidor. E sim por quem o escreveu. Um livro de Orlando Duarte e em parceria com João Bosco Tureta é sem comentários. Desembolsei pela obra (CORINTHIANS, o Time da Fiel) R$ 31,00.
Livros de poemas, crônicas, romances, almanaques e segue fila. Pena que não tinha grana para levar o que queria.
E aí pergunto? Como alguém que tem grana, condições de possuir riqueza literária, conhecimento, não da à mínima para isso? Como que conseguem ser burrinhos? Qual a razão de não quererem nada com a vida, a não ser cuidar da estética? Por que o perfume importado e não um livro pelo menos uma vez ao mês? Repito a indagação inicial. Como existem pessoas ricas burras?
Existe sim pobre que é ignorante por preguiça. Basta correr atrás. Óbvio que não na mesma condição dos endinheirados, mas burro hoje só é quem quer.
Mas por experiência própria recentemente vivida. Ser burro com grana é burrice de verdade.
Deu para entender?
"Adianto aqui os parabéns ao camarada Jonatam que terá em mãos seu diploma de jornalista. E estendo para todos da UEMG de Passos que seguirão a carreira jornalística, desejando- os muito sucesso e sorte".
Vanildo Marley